quinta-feira, 14 de abril de 2011

GRANDES VERDADES 9 E 10

09. A Ceia da Separação


Versículos do dia DOMINGO 17/04;2011 – EDITORA NAOS

Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.Isaías 1:17

Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.Gálatas 6:2

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Conheço umas pessoas que todos os dias a noite tem uma fila de recicladores de lixo parados à sua porta para receber um sopão.fico me perguntando se essa é a caridade cristã ou é simplesmente esmola. Não tenho nada contra o socorro dos necessitados em causas emergenciais mas criar uma situação destas me parece criar uma dependência humilhante e irreversível. Quando percebo que se abre o portão de alumínio daquele bonito chalé vejo que ali está a diferença entre caridade e esmola. As pessoas recebem o alimento com um olhar agradecido de quem se acostumou a aproveitar qualquer oportunidade para se alimentar e depois, quando o portão se fecha, continuam do “lado de fora”. A esmola é um dom que desce do auto, mas que como o sol de clima gelado, ilumina mas pode matar.


A esmola deixa a pessoa do “lado de fora”, não produz proximidade, o necessitado é sempre visto como “o necessitado” e nunca um irmão que pode entrar em nossa casa, e como não é nosso irmão nunca poderemos cear na casa dele. A esmola é pouso para estrangeiro, para o alienígena, e quanto ao ofertante, embora religiosamente satisfeito, sempre se mantém do lado de dentro tal qual o irmão mais velho do filho pródigo. Jesus nos contou uma parábola a respeito desta situação: o rico e Lázaro. Caridade seria o envolvimento da sociedade com os necessitados fazendo-os progredir, educando-os, dando-lhes condição de manutenção da própria vida.

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Não digo que atender as carências imediatas esteja errado, mas não trabalhar de forma a eliminar as causas dessas necessidades é tentar suprir eternamente a pobreza, e pior, é tentar ser eternamente rico.


O conceito de benefício social de Cristo não é alienante, ao contrário, é capacitador, é reconciliador, e não pode haver conciliação enquanto existirem diferenças e o único modo humano de desfazer diferenças é através do ensino e da oportunidade de trabalho. Há um compositor do Ceará que canta que “o homem sem trabalho não tem honra pois sua vida é o trabalho”. Ai está plenamente descrito por que os hebreus consideram a pobreza um estado de morte irremediável.
Compreender a “mente de Cristo” não é tão fácil. A chamada simplicidade de Cristo é verdadeira enquanto a sua prática eminente de bondade, doação de si mesmo e amor pela natureza e a vida humana, mas a ideologia de Jesus transcende às nossas bondades em um emaranhado de processos libertatórios e valorizadores cuja ponta da linha nasce de Deus Pai.

A ceia cristã ordenada para memória do Senhor, tem por objetivo o representar a comunhão, honra de ser considerado digno de estar à “mesa” de Deus e nunca, jamais, ser a lembrança de um portão de alumínio que será fechado em breve , nos abandonando “do lado de fora” com a barriga cheia por um sopão que jamais encerrará nossa fome, que jamais nos capacitará a sermos iguais e que nunca derrubará o muro que sustenta aquele portão.


10. O bem em morte



Quando Deus criou os homens ele disse: “cresçam, multipliquem, dominem" Já disse em capítulo anterior que esse crescer, esse multiplicar e esse dominar não era de “qualquer jeito”, mas existiam, e existem, regras de convivência.

Vamos fazer uma comparação: Se você resolve criar uma onça, desde a infância hospedá-la em sua casa, alimentá-la, protegê-la, se você chegar até a dormir com sua oncinha no mesmo quarto, você vai ter um animal extremamente dócil. Mas essa criaturinha nunca vai deixar de ser uma onça, e na hora que você quebrar uma pequena regrinha de convivência irá compreender isso, pois a reação da onça será com todos os seus instintos; Assim, para convivermos com o espaço que nos contém é necessário nos conter neste mesmo espaço.

Havemos em mente que toda a trama que nos é relatada nos primeiros quatro capítulos do Gênesis tem por missão demonstrar como o ser humano chegou ao fratricídio (Caim e Abel) e como a raça humana se dividiu em inúmeras culturas antes da época diluviana, e pela filosofia que foi elaborada na época de Esdras, a mente corrompida pelos interesses de sua própria necessidade não produz um relacionamento auto-sustentável, pois se torna consumista e predadora. Nestes termos, o bem em mal ou em morte, foi produzido pelo uso da lei de Moises quando os juízes dessa lei tinham interesses particulares para defender. Percebemos a preocupação deuteronômica de o sacerdote (os levitas, entenda-se o juiz) não ter direito a propriedade de terra dentro das divisões hereditárias de Israel, e mesmo tendo o direito de exploração, a devolveriam para os verdadeiros herdeiros no ano do Jubileu. O dinheiro, as propriedades, se tornaram fatores de corrupção quando o poder da justiça é parcial. Também nossos desejos de santidade nos são prejudiciais, tendemos em comparar os outros não pelas suas realidades, mas pela nossa realidade. Isso é fonte de parcialidade, pois, para nós, o que somos geralmente é o normal e o ponto que deveria atingir qualquer outra pessoa. O mal em bem ou o bem em mal também é atingido por nossa opinião. No que se refere ao trato das coisas da religião, tendemos a aceitar somente nosso Deus, nossa liturgia, nosso culto como único e verdadeiro, não admitimos nada que não concorde radicalmente com ele. Jacó queria comprar o perdão, a igualdade com Esaú, pelos presentes que enviou à sua frente, não acreditava em si mesmo e nem muito menos verdadeiramente no amor de Deus, e encontrou isso somente quando usou de sinceridade absoluta para com o irmão; e esta sinceridade consiste não em igualar, mas em assemelhar e compreender as diferenças.

CONTINUA

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